sábado, 9 de outubro de 2021

Os 4 dias mais difíceis de 2021

 Dia 2 de Setembro (Quinta-Feira): 

Já faziam duas semanas que eu já estava sentindo dor no pé da barriga, e uma dor ENORME nos seios. Eu sabia que poderiam ser sintomas de TPM, mas a diferença é que se fossem, não teria durado tanto tempo. Então como sempre comprei meu teste. Eu já tinha feito um teste na semana anterior, mas ainda estava muito longe e eu não confiei muito. Então dessa vez fiz no tempo certo, aquele teste de até seis dias antes da menstruação. Era quinta de manhã e a primeira coisa que eu fiz depois de acordar foi ir pro banheiro e fazer aquele teste. Lembro que assim que o líquido subiu, apareceu um risquinho de positivo, beeeeem fraquinho. Imaginei que o risquinho ficou fraco porque ainda faltavam alguns dias para o dia da menstruação, que seria na terça. Então eu comecei a chorar, sem entender muito bem o que eu estava sentindo. Voltei para a cama e a primeira coisa que eu disse para o Diones foi: "Parabéns, papai." E depois disse eu chorei muito. É difícil de lembrar de tudo o que eu senti nesse dia, mas me lembro que senti muito medo e muita preocupação. Não sabia o que fazer, não sabia em qual médico eu deveria ir, não sabia nada... só sabia que teríamos um bebê e isso mudaria tudo na nossa vida. Decidimos não contar pra ninguém até ter certeza, e contaríamos na segunda-feira, em um churrasco em família. Então eu consegui passar o dia todo com a minha família sem contar pra ninguém. A Júlia acabou descobrindo pelo meu histórico de pesquisa que estava no not, então eu acabei confessando pra ela e ela prometeu que ia guardar segredo até o dia da surpresa. No mesmo dia a tarde, eu consegui ir até o laboratório fazer o exame de sangue. Como eu já imaginava dessa vez, o resultado foi positivo. Então a partir daí começamos a nos preocupar com o plano de saúde, com a organização das contas, com os médicos, e com tudo o que teríamos que mudar daqui pra frente. E assim foi o dia da nossa descoberta. 


Dia 3 de Setembro (Sexta-Feira): 

Me lembro que sexta foi um dia difícil e que eu me senti paralisada. É claro que não estávamos tristes, mas estávamos muito preocupados. O Diones beijava minha barriga de hora em hora, e fazia muito carinho. Estávamos felizes porque nós sempre acreditamos que tudo nos acontece na hora e no momento certo. Então se aconteceu, precisávamos confiar que esse era o momento e estávamos trabalhando pra isso. Em dia nossa cabeça consegue mudar tantos pensamentos, né?! Na Sexta já estávamos agindo como pais, e cuidando da minha alimentação, e fazendo muitos planos e fantasiando muitos desejos dessa nova jornada que iriamos enfrentar. Transitando sempre entre a felicidade e o medo, hora eu me pagava acariciando minha barriga como se ali estivesse meu bem mais precioso, e hora eu estava deitada me sentindo triste com uma enorme vontade de chorar. É importante contar que neste mesmo dia fui ajudar minha mãe a fazer uma faxina, e como eu ainda estava sentindo bastante dor, fiquei com muito medo, mas não achei que isso poderia me prejudicar e nem ao bebê.

E assim passou nosso segundo dia. 


Dia 4 de Setembro (Sábado): 

Neste dia fui até a casa da minha amiga visita-la e contar a novidade. Foi aliviante falar com alguém. Eu me senti muito tranquila e mais empolgada. Saí de lá com varias dicas e conselhos e já sabendo qual médico deveria procurar e tudo o que eu poderia ou não fazer. Depois, passei o dia fazendo lembrancinhas para entregar no dia do churrasco, anunciando a gravidez para nossas famílias. Em meio a toda empolgação ainda estávamos organizando as questões do plano e de outros médicos, até conseguimos chegar em um consenso. Estava tudo dando certo. A noite fomos ao aniversario de um amigo do Diones. Eu já estava levando muito a sério a questão da alimentação então só bebi suco. A noite foi bem agradável, conversamos e rimos bastante. No final da noite quando estávamos vindo embora acabamos brigando por motivos muito bobos. Chegando em casa eu só queria dormir pra não brigar mais ainda e acabar passando nervoso demais e correr o risco de acontecer alguma coisa mais séria. Mas o Diones não consegue dormir sem que a gente esteja em paz um com o outro. Então tentando acalmar as coisas acabamos promovendo um nervoso um pouco maior. E acabamos mesmo assim, dormindo sem estar em paz um com o outro. 


Dia 5 de Setembro (Domingo):

No dia do aniversário da Júlia decidimos fazer uma janta para comemorar, e eu decidi entregar a lembrancinha e contar a novidade depois de cantar os parabéns. No começo do dia já acordei meio nervosa com a briga da noite anterior, e muito preocupada. Tentamos conversar e resolver mas foi sem sucesso. O Diones saiu para fazer as entregas e eu fiquei sozinha. Tive uma pequena crise de choro, que embora pequena ainda foi bem forte, e depois tentei me distrair para não prejudicar o bebê com tudo o que eu estava sentindo, então decidi cortar as unhas do pé. Quando cortava a unha, senti algo quente descendo para a minha calcinha, então coloquei a mão e quando tirei ela estava cheio de sangue. Um sangue bem claro e vivi. Nesse momento eu entrei em choque. Acho que o choque foi tanto, que meu nariz também começou a sangrar (!?)... Então mandei mensagem para o Diones, continuei chorando muito, me lavei e coloquei absorvente. Mesmo assim não parei de sangrar. Ficamos muito preocupados, o Diones com a mania dele fez várias pesquisas no google e tentou me tranquilizar; eu mandei mensagem pra Mariana e ela também me tranquilizou um pouco, mas eu ainda não estava me sentindo completamente segura. Chegou o aniversario e meus pais chegaram aqui em casa já com um clima ruim porque teriam brigado. Comemos, cantamos parabéns e eu entrei as lembrancinhas, todo mundo me abraçou e parabenizou, e no fim da noite o assunto foi só esse. Quando contei do sangramento todos ficaram muito preocupados, de verdade. Meu pai até pediu para que fizéssemos uma oração antes de eles irem embora. Eu fui dormir com bastante medo e preocupação.


Dia 6 de Setembro (Segunda-Feira):

Na segunda de manhã o Diones saiu para trabalhar. Eu voltei a dormir. Acordei com uma vídeo chamada dos meus pais preocupados com o sangramento e concordei em ir até o Pronto Atendimento com eles. Chegando no pronto atendimento meu sangue foi coletado, e eu tomei soro e medicação para a dor na barriga que havia aumentando desde o dia anterior. Quando chegou o resultado do exame de sangue a médica me chamou e deu a noticia: 

"O resultado do exame de sangue deu negativo."

Nessa hora eu estava sentada na cadeira de frente para a médica e minha mãe em pé ao meu lado. E meu mundo desabou. Eu me senti triste, com medo, e culpada. E ali eu chorei muito, foi um silencio eterno onde só dava pra ouvir o meu soluço, e minha mãe dizendo pra eu ficar calma. E isso durou a manhã toda. Depois veio o momento de compartilhar esse sentimento entre mim e o Diones, e isso foi outro momento triste. Todos os dias dali pra frente foram tristes de alguma forma. 



Alguns dias depois, em uma visita a minha médica particular, ela confirmou o que meu coração nunca havia deixado de sentir. Eu estava grávida de poucas semanas sim, e eu perdi. Mas embora isso tenha acontecido, ela me tranquilizou realizando alguns exames e informando que meu corpo está saudável e o que aconteceu foi algo inesperado, que não foi culpa do meu corpo.  

Nenhum comentário:

Postar um comentário