sábado, 9 de outubro de 2021

diário:

 Hoje eu não acordei me sentindo muito feliz, e eu não sei muito bem o porque. 

Essa semana não foi tão ruim pra mim. Eu fiz muitas coisas que me deixaram feliz. Eu consegui cumprir a minha agenda diária, eu cuidei do meu corpo, das minhas unhas e do meu cabelo. Eu produzi um ótimo relatório de estagio, minha ida a campo no estágio foi melhor do que eu esperava que fosse, eu cozinhei ótimas refeições, eu achei minha aliança que eu havia perdido há um tempo, eu comprei uma prateleira e uma mesinha para iniciar a montagem do escritório, eu tive uma noite com bastante prazer, eu fiz exercícios físicos a semana toda, eu fiz a minha primeira sessão de terapia... Então eu não deveria me sentir assim, certo? 

Errado.

Hoje eu acordei com lembranças e sentimentos ruins. Como por exemplo o sentimento de solidão. As vezes parece que eu conheço tantas pessoas mas não posso chamar ninguém de amigo. Eu sinto muita falta de ter uma amizade presente e frequente. Alguém para conversar sobre coisas sérias e aleatórias, alguém que venha até mim como eu sempre vou atrás das pessoas que eu acho que são minhas amigas. Alguém pra quem estar em minha companhia não seja algo forçado e nem difícil. Essa é uma das coisas que eu mais sinto falta. 

 Esse sentimento não vem só através da falta de amizades, mas também vem através da falta que as vezes eu sinto da minha primeira família. Depois que fiquei chateada com o assunto da viagem ninguém mais veio me procurar, e isso pra mim significa que sempre sou eu que os procuro. 

E eu também estou sentindo isso com a minha família de hoje. Essa semana eu senti uma grande diferença em algumas atitudes minha e dele. Lembro que as vezes que fiz café da manhã eu acordei com um beijo no rosto, sentada do lado dele e falando baixinho. E quando ele dorme no sofá eu acordo ele do mesmo jeito para ir pra cama. E ele me acorda me cutucando, e as vezes só me chamando sem nem chegar perto. As vezes parece que as coisas que mais divertem ele são o celular e os amigos. E eu juro por tudo o que é mais sagrado que eu não estou com ciúmes de nada. Eu só não tenho sentido reciprocidade em algumas atitudes. É muito difícil pra mim sentir que a coisa mais importante que eu possa oferecer seja o sexo, e é isso o que eu tenho sentido ultimamente. Toda hora, o tempo todo tem alguma caricia voltada pra vontade sexual, e eu não me sinto bem com isso, porque eu não quero ser só isso! E ele não entende quando eu tento dizer isso, porque se eu falo sobre isso ele se afasta e passa a nem me abraçar mais, parece que ele fala "se não tem sexo, então não vai ter nada"... e isso não me ajuda nenhum um pouco a lidar com aquela questão de sentir que eu preciso fazer isso por me sentir pressionada. Alias, ele não entende muitas das coisas que eu falo ou peço. Sempre parece que a gente ta disputando alguma coisa, e quando eu quero ensinar algo que eu sei ele sempre parece não dar crédito pras minhas palavras. As vezes eu não me sinto uma parceira, e sim uma pessoa inferior. Parece que ele mal consegue se divertir comigo. Desde quando passamos pela gravidez interrompida eu tenho tido muitos dias ruins e muitos sentimentos tristes, e o sexo tem sido algo muito difícil pra mim, eu tenho sentido mais dor do que prazer, e mais pressão do que vontade. E isso não é culpa dele, eu só queria um pouco mais de compreensão. Mas não aquela compreensão onde a pessoa diz que entende mas fica de cara fechada, e sim aquela compreensão onde a pessoa mostra que entende e que isso não vai mudar nada entre nós dois. 

Pra falar a verdade, em dias como esse eu me sinto um peso morto na vida de todo mundo. Eu nunca fui 100% segura, mas depois da gravidez parece que todos os meus defeitos e dificuldades se multiplicaram. Uma ou duas vezes eu senti uma coisa que me deixa apavorada e que eu não quero sentir nunca mais. Eu me vi pensando em formas de tentar contra a minha própria vida. Isso me deixa muito preocupada, porque eu sei que eu nunca teria coragem de fazer uma coisa dessas, mas os meus pensamentos não param. E eu sei que tentar suicidar e pensar "eu sou um peso pra todo mundo/eu não faço nada direito" é praticamente a mesma coisa, só que em instancias diferentes.

Colocar tudo isso pra fora é muito aliviante pra mim, embora não me mostre o que fazer pra que eu me sinta melhor. Eu juro que eu dava tudo o que eu tenho pra ter aquela chavinha mágica que faz tudo melhorar de uma hora pra outra. 

E eu sei que eu não vou desistir!

Hoje eu posso ter acordado mal, mas depois de algumas horas pode ser que eu volte a ficar bem. Pode ser que de 5 dias, apenas 2 eu passe por isso... e tá tudo bem, porque eu sei o quanto eu luto contra todos esses sentimentos. Eu sei o quanto a vida é linda, e eu sei todos os motivos que eu tenho pra poder me sentir feliz e orgulhosa de mim mesmo. E eu sei que eu tenho pessoas ao meu redor que fariam de tudo pra me ver bem e me ver feliz, e eu sou extremamente grata por essas pessoas. 

E pra encerrar um momento difícil eu sempre penso nisso: 

"Esforça-te e tem bom ânimo (...)"

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